A Unicamp e o governo do estado de São Paulo assinaram convênio, no dia 5 de maio, para a implantação do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres na Universidade (Ceped-SP/Unicamp). O objetivo centra-se na produção, integração, contextualização, disseminação e disponibilização de conhecimento para contribuir na gestão de risco e na gestão de desastres. Criado como um laboratório, o Ceped, na Unicamp, está vinculado ao Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri).
O acordo técnico-científico assinala a necessidade do aporte de diversas áreas do conhecimento para a prevenção das causas de desastres naturais ou provocados pelo homem. Dessa forma, o Ceped-SP/Unicamp visa promover estudos que norteiem as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil. Inicialmente, o laboratório será conduzido pelos pesquisadores doutores André Munhoz de Argollo Ferrão, Priscila Pereira Coltri; Renata Ribeiro do Vale Gonçalves e Jurandir Zullo Junio.
“O Cepagri possui larga experiência com pesquisas voltadas ao clima e outros aspectos de interesse do território, particularmente o território ocupado pela agricultura. As pesquisas a serem realizadas pelo Ceped-SP/Unicamp acrescentarão à expertise do Cepagri novas linhas de pesquisa, que serão demandadas pela Defesa Civil do estado de São Paulo, e contarão, eventualmente, com a sua participação direta ou indireta, seja no fornecimento de dados ou no envolvimento de pessoal, de acordo com cada caso”, destaca o professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e pesquisador do Cepagri André Argollo.
Os estudos acontecerão alinhados às orientações do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR-ONU), em especial as que constam do Marco de Sendai e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, conforme André. “O Ceped-SP/UNICAMP procurará se especializar em estudos e pesquisa sobre o ‘Enfoque sistêmico do risco’ e ‘Resiliência de territórios e comunidades’, procurando alternativas para cenários futuros visando a preparação das comunidades e seus territórios para a percepção e convivência com os riscos inerentes a diferentes contextos e o enfrentamento de desastres correspondentes a tais riscos”, diz.
O professor ainda assinala que o Cepagri já possui grupos de pesquisa com trabalhos em andamento cujos temas são de interesse da área de Proteção e Defesa Civil e que seguirão sendo desenvolvidos. “São trabalhos vinculados a todas as áreas do conhecimento, e muitos deles abrangendo enfoques diferenciados, recortes territoriais distintos, etc”, pontua.
Ceped
A criação dos Centros de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ocorreu após a Lei nº 12.608/2012, que instituiu a Política Nacional de Defesa Civil. Os estados, a partir da legislação, iniciaram parcerias com universidades e institutos de pesquisa para organizarem os centros. Com o convênio realizado com a Unicamp, o estado de São Paulo agora possui dois Cepeds. O primeiro foi firmado com a Universidade de São Paulo (USP), em 2013.
Para Tenente Coronel Henguel Ricardo Pereira, Diretor da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, órgão ao qual os Cepeds estão vinculados no estado, o conhecimento científico é essencial para que se possa entender a dinâmica de um desastre, seja natural ou tecnológico, por isso os convênios são tão importantes. “É por intermédio da pesquisa científica que pretendemos melhorar o conhecimento sobre o desastre e também propor melhorias ou inovações em equipamentos, materiais, softwares, protocolos de ação, políticas públicas, dentre outros, primando pela eficiência e economia, para, assim, evitar ou minimizar os danos à população, ao patrimônio e ao meio ambiente”, afirma.
“Antes da adoção de qualquer atitude frente ao risco de desastre, elementar é o seu conhecimento e as pesquisas científicas têm a capacidade de revelar detalhes essenciais que permitem o mais adequado monitoramento dos gatilhos de sua deflagração, a implantação de medidas preventivas ou mitigatórias, a preparação dos órgãos responsáveis pelo atendimento e da própria população para conviverem com o risco ou responderem ao desastre, a definição dos procedimentos que serão adotados em uma emergência e das ações necessárias para garantir o retorno da normalidade”, explica