CEPED – UNICAMP

Comitiva da ONU visita a Unicamp em evento sobre prevenção de desastres

Representantes do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDRR) estiveram presentes na Unicamp nesta quarta-feira (11)
Representantes das Nações Unidas conheceram os planos de desenvolvimento sustentável da universidade

Representantes do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDRR) estiveram presentes na Unicamp nesta quarta-feira (11). Eles conheceram os trabalhos de mitigação de riscos desenvolvidos pela Defesa Civil da região de Campinas e as pesquisas desenvolvidas na área pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas Aplicadas à Agricultura (Cepagri). A visita incluiu a participação na abertura de um evento, organizado pelo Cepagri, em que 33 cidades do Estado receberam da Defesa Civil cartas de suscetibilidade e mapas de setorização de riscos elaborados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). 

Representantes das Nações Unidas conheceram os planos de desenvolvimento sustentável da universidade

Estiveram presentes na universidade cinco representantes da Colômbia, Equador, Guatemala e Honduras. Johanna Granados, assessora de riscos urbanos do escritório, explica que a cidade de Campinas e a Unicamp foram incluídos na visita ao Brasil por conta do histórico de pesquisas e experiências bem sucedidas de prevenção de desastres. Para ela, parcerias com as instituições podem beneficiar tanto o município e a universidade, quanto a própria ONU. “Campinas trabalha há muito tempo no fortalecimento da resiliência, recentemente recebeu o Prêmio Sasakawa, entregue em Genebra, e também como parte das atividades da campanha se promove essa aprendizagem entre pares, então apoiamos esse intercâmbio entre diferentes cidades, temos representantes de Tegucigalpa, Cidade de Guatemala, Guayaquil e um representante nacional da Colômbia, então estamos aprendendo entre pares quais as ações realizadas por Campinas que estão mais adiantadas, quais são os estudos feitos pela universidade e como o fortalecimento dessas parcerias permitem avançar no fortalecimento dessa resiliência”, compartilha Johanna. 

Depois de participar da abertura do evento, o grupo realizou uma reunião oficial do escritório, onde cada um pode expor as ações de prevenção de desastres realizadas em suas cidades e países e também as pesquisas realizadas na mesma direção pelo Cepagri. Ao fim da manhã, eles foram recebidos pelo reitor da Unicamp, Marcelo Knobel. Na reunião, foi apresentado à comitiva o projeto que visa à criação do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), programa que articula os projetos de expansão da Unicamp e demais universidades da região do distrito de Barão Geraldo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “É sempre importante trabalhar, discutir e estar em contato com a sociedade civil e, principalmente, com as instituições que lidam com essas questões tão importantes no Brasil, a mitigação para evitar os desastres ambientais. A gente tem uma preocupação importante e a Unicamp está engajada nesse processo e quer participar cada vez mais”, pontua Marcelo Knobel. 

Instalação de Ceped-SP na Unicamp

Outro destaque das discussões foi o projeto de criação de um novo Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres de São Paulo (Ceped-SP) na Unicamp. A criação dos Cepeds obedece  determinações da Lei nº 12.608/2012, que instituiu da Política Nacional de Defesa Civil. A partir dela, os Estados deram início a parcerias com universidades e institutos de pesquisa para organizarem os centros. Em São Paulo, o primeiro Ceped foi criado na Universidade de São Paulo. 

"O Ceped pode integrar ações e pesquisas que são feitas em diferentes núcleos", explica André Argollo
“O Ceped pode integrar ações e pesquisas que são feitas em diferentes núcleos”, explica André Argollo

Agora, a intenção da Casa Militar, que abriga a Defesa Civil, é criar novos Cepeds junto às universidades públicas paulistas. Na Unicamp, o centro aproveitará a expertise de pesquisas e a estrutura do Cepagri. “Na Unicamp já existem núcleos que trabalham com a redução do risco de desastres. O Ceped pode integrar ações e pesquisas que são feitas em diferentes núcleos, que estão ali isolados, poderiam ser integrados em um único núcleo. O Cepagri vai continuar desenvolvendo as pesquisas que realiza, mas o Ceped pode entrar com um caráter de olhar mais para o conceito de resiliência para a redução do risco de desastres, então não é esperar o desastre acontecer para tomar ações de resposta ao desastre, mas sim de prevenção, de planejamento, de preparação do território das comunidades para eventos extremos que possam acontecer”, explica André Argollo, professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e pesquisador do Cepagri. 

Importância de parcerias

As cartas de suscetibilidade e os mapas de setorização que foram entregues aos municípios são documentos que analisam as características geológicas e ambientais das cidades, enumeram as possibilidades que existem nos locais de fenômenos e desastres e apontam as áreas em que eles podem ocorrer. Com eles, prefeituras e órgãos municipais podem se prevenir e organizar seus trabalhos de forma mais prudente. “A carta dá subsídios para que ele cresça com segurança, para que ele consiga planejar o crescimento de forma ordenada, para que ele possa mitigar riscos de ocupações irregulares, em áreas de inundações, de encostas. Nós cobrimos hoje 439 municípios no Brasil inteiro e participamos de eventos anuais para entregar essas cartas para as autoridades, para que eles saibam como podem utilizar para reduzir esses riscos”, explica Tiago Antonelli, do CPRM. 

Além de fazerem a entrega das cartas e dos mapas aos representantes dos municípios, foram realizadas palestras e oficinas que ensinaram como os documentos podem ser utilizados pelas equipes locais da Defesa Civil. Para isso, a parceria com instituições de pesquisa auxilia nessa tarefa. “O trabalho de centros como o Cepagri, na Unicamp, é extremamente importante para o trabalho da defesa civil do estado para o estabelecimento de estratégias de fortalecimento, de novos conteúdos, novos conceitos, novos conhecimentos, para que a gente possa dar mais ferramentas ao gestor local, para permitir um melhor planejamento, uma melhor gestão de riscos já existentes, uma melhor forma de traçar medidas preventivas. Para a defesa civil do estado é fundamental a parceria”, comenta Cintia Oliveira, da Divisão de Prevenção da Defesa Civil do Estado de São Paulo. 

Equipes da Defesa Civil de 33 cidades participaram das atividades no auditório da Embrapa
Equipes da Defesa Civil de 33 cidades participaram das atividades no auditório da Embrapa

Campinas é uma referência nacional na prevenção de desastres ambientais. Em maio deste ano, o trabalho do município foi reconhecido com o Prêmio Sasakawa das Nações Unidas para a Redução de Desastres, o mais importante do setor. A entrega ocorreu em Genebra, na Suíça. Para Sidnei Furtado, diretor da Defesa Civil de Campinas, o mérito da cidade é resultado de uma união de esforços que envolvem o trabalho de instituições como o Cepagri da Unicamp. “A atividade de redução de riscos não tem fim, porque às vezes uma mudança de comportamento pode ter reflexos significativos em um desastre. Então ao longo de, pelo menos 10 anos, Campinas vêm desenvolvendo ações para a redução de riscos de desastres. E quando eu falo de Campinas, é exatamente esse contexto aqui, com as universidades, os órgãos de pesquisa, o setor privado, a prefeitura, todos esses setores fazem parte do contexto”, analisa Sidnei. 

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